Energia Solar: Risco de choque elétrico na enchente do RS
- ETC Energia
- 6 de mai. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de jun. de 2024
A água é um condutor de eletricidade, tanto para corrente contínua (CC) quanto para corrente alternada (CA). No entanto, é importante notar que a água pura é um isolante bastante eficaz. Contudo, a água que normalmente encontramos no ambiente, especialmente se contiver impurezas, como sais dissolvidos, pode facilmente conduzir eletricidade.
Isso significa que, em situações com enchentes há um risco significativo de choque elétrico se houver uma fonte de eletricidade presente, como um gerador fotovoltaico.
De antemão podemos dizer que não é possível estabelecer um valor exato de distância segura de um sistema energizado e molhado visto que existem muitas variáveis envolvidas, como: condutividade da água, irradiância solar e a tensão instantânea dos módulos, a integridade ou não do isolamento do sistema, porte do sistema e qualidade da instalação, a condição física da pessoa, entre outros.
Felizmente até agora, a combinação desse fatores tem sido favorável e não resultou em acidentes elétricos durante as operações de resgate em residências com energia solar no Rio Grande do Sul. Isso é um alívio. No entanto, como veremos adiante, é crucial manter alguns cuidados.
Estando em contato com a água ou submersa, a corrente elétrica pode fluir através do corpo da pessoa, aproveitando a água como meio condutor. Isso pode causar uma série de efeitos nocivos, desde contrações musculares dolorosas até parada cardíaca e afogamento, dependendo da intensidade da corrente elétrica e do tempo de exposição.
Em casos extremos, o choque elétrico na água pode ser ainda mais perigoso devido à incapacidade da pessoa de perceber imediatamente a presença da corrente elétrica. Isso ocorre porque a água pode agir como um isolante temporário, retardando a sensação de choque até que seja tarde demais.
Circuito CA
Se identificada a possibilidade de alagamentos deve-se antecipadamente desligar a energia da rede diretamente no quadro de entrada afim de eliminar a possibilidade de ter parte do circuito da edificação energizado e, de forma complementar, desligar o inversor fotovoltaico.
Complementar considerando que o inversor possui proteção de anti-ilhamento mas quando do retorno da rede, ele não deve entrar em operação automaticamente.
Isso porque os inversores possuem grau de proteção (IP) para uso externo e sua garantia abrange condições climáticas usuais como poeira e chuva. Contudo, caso o inversor seja submerso em água, isso resultaria na anulação da sua garantia e o equipamento não deve ser colocado em operação novamente sob risco de graves acidentes elétricos e incêndio.
Na situação onde a enchente já se tornou uma realidade e começa a ganhar maiores proporções, o fornecimento de energia é interrompido pela Distribuidora para garantir a segurança de toda população nas regiões alagadas e suas vizinhanças ou até mesmo em toda a cidade.
Circuito CC
Embora os módulos fotovoltaicos sejam destinados ao uso externo, se forem submersos, é necessário verificar danos potenciais causados por objetos que possam ter atingido os painéis, resultando em fissuras que permitem a entrada de água em seu circuito.
Nessas mesmas condições de sinistro, o isolamento do cabeamento solar também pode ser prejudicado deixando exposta a sua parte metálica condutora, seja porque foi desencapado ou porque se soltou da conexão com o MC4, por exemplo.
Com partes condutoras do sistema expostas e módulos sob a exposição direta do sol, o risco aumenta proporcionalmente com o aumento da tensão gerada pelos próprios módulos fotovoltaicos.
Conclusão
Ao analisar as características de funcionamento do gerador fotovoltaico, é importante ressaltar que ele aparentemente não aumenta o risco de choque elétrico no circuito de corrente alternada. No entanto, como discutido anteriormente, pode, de fato, aumentar o risco de choque elétrico em corrente contínua, especialmente nos casos que o sistema sofreu algum tipo de avaria.
Considerando a vulnerabilidade das pessoas aguardando socorro, é imperativo que não intervenham no funcionamento do gerador fotovoltaico em nenhuma circunstância. Isso inclui desconectar cabos e MC4, remover ou reposicionar módulos danificados ou realizar qualquer tentativa reparo no sistema enquanto este estiver energizado (durante o dia) e na presença de água. Também deve-se evitar ficar posicionado sobre os módulos, claro, se for possível na condição do momento.
Já para aqueles envolvidos no resgate, as orientações do IGP-RS (Instituto Geral de Perícias do RS), é que devem abordar o local com extrema cautela e atenção, evitando da mesma forma contato com o gerador e cabeamentos, garantindo que não se exponham ao risco de choque elétrico durante as operações.
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