Recomendações internacionais para termografia em Energia Solar.
- ETC Energia
- 30 de jul.
- 4 min de leitura
A termografia é uma ferramenta essencial tanto no Comissionamento quanto na Operação e Manutenção (O&M) de usinas fotovoltaicas.
Entretanto, a norma brasileira NBR 16274:2014, que trata do Comissionamento de sistemas fotovoltaicos, estabelece apenas as condições ambientais para a realização da termografia, mas não especifica os requisitos mínimos que o equipamento deve atender — nem os parâmetros de voo para inspeções aéreas, como altura, velocidade ou resolução mínima da câmera.
Para suprir essa lacuna e garantir um padrão de qualidade nos ensaios, utilizamos como referência a norma internacional IEC 62446-3:2017.
A norma estabelece diretrizes claras sobre as especificações técnicas mínimas da câmera infravermelha (IR) para termografia em Energia Solar.
Por isso, na hora de escolher o equipamento, é fundamental verificar se o modelo atende, no mínimo, aos requisitos apresentados na tabela a seguir — garantindo, assim, um diagnóstico confiável e profissional.

A norma também recomanda o uso de uma câmera IR com resolução ≥ 320 x 240 pixels.
Você encontra informações essenciais como a resolução IR, a sensibilidade térmica (NETD) e a resolução espacial (IFOV) diretamente no datasheet da câmera — é ali que estão os parâmetros que realmente importam para uma análise termográfica confiável.

Vamos nos aprofundar um pouco nessas especificações.
Sensiblidade Térmica
NETD (Noise Equivalent Temperature Difference) — em português, Diferença de Temperatura Equivalente ao Ruído.
É uma medida da sensibilidade térmica da câmera termográfica, ou seja, o menor diferencial de temperatura que o sensor consegue detectar com clareza, sem ser mascarado por “ruído térmico”.
NETD ≤ 0,1°C é o mínimo aceitável para inspeções em usinas solares, conforme as normas internacionais.
Para trabalhos mais exigentes e análises em detalhes finos, quanto menor o NETD, melhor a sensibilidade térmica da câmera.

Por que isso importa?
Em módulos solares, muitas falhas iniciais geram diferenças muito pequenas de temperatura. Se a câmera não for sensível o suficiente, o problema:
Não aparece na imagem, ou...
É confundido com ruído (ex: reflexos ou interferência da superfície).
Resolução Geométrica
A resolução geométrica espacial indica o menor detalhe físico (em mm ou cm) que a câmera termográfica consegue identificar a uma determinada distância.
O critério da norma para resolução requer que o comprimento da uma aresta do pixel projetado no módulo tenha no máximo 3 cm.
Isso significa, por exemplo, que cada célula de 6′′ (15,24 x 15,24 cm) deve ser registrada com no mínimo 5×5 pixels.
Para calcular a altura máxima (D) do drone para atender a esse requisito, a fórmula do IFOV - Instantaneous Field of View (Campo de Visão Instantâneo) pode ser utilizada.
A relação é a seguinte:
Resolução geométrica = IFOV × Distância
Exemplo de cálculo:
Se o requisito é que o comprimento da borda célula por pixel seja de 3 cm (ou 0,03 m), e o IFOV da câmera é, por exemplo 3,0 mrad (0,003 rad), o cálculo seria:
0,03 m = 0,003 rad × Distância
ou
Distância = 0,03m / 0,003 = 10 m
Portanto, para uma câmera com IFOV de 3,0 mrad, a distância máxima de voo deve ser de 10 metros para garantir uma resolução de 5×5 pixels por célula de 6′′.

Se sobrevoar a uma altura maior, por exemplo 14 metros, a resolução será insuficiente pois cada pixel teria 4,2 cm (0,003 x 14 = 4,2 cm por pixel) e a norma exige no máxima 3cm.

Por que isso importa?
Em inspeções com drone, a distância costuma ser maior, e a resolução espacial se torna crítica.
Se a resolução for baixa, vários detalhes térmicos podem "sumir" na imagem — como micro hot spots.
Por isso, antes de planejar o voo, verifique o IFOV da câmera do drone e o tamanho da célula do módulo fotovoltaico a ser inspecionado. Com esses dados, calcule a altura máxima permitida para garantir a qualidade e precisão da imagem térmica.
Em alguns casos, o próprio fabricante da câmera pode disponibilizar gráficos como o mostrado abaixo, que comparam para diferentes distâncias (em pés), o menor tamanho de objeto que pode ser identificado por suas câmeras.
Por exemplo, a uma altura de 50 pés:
uma câmera com resolução de 160×120 é capaz de identificar objetos com pelo menos 18,5 polegadas.
enquanto uma câmera de 640×512 consegue detectar objetos de apenas 5,5 polegadas — ou seja, três vezes menores.

Na imagem abaixo fica evidente a diferença significativa de desempenho entre as duas câmeras comparadas.

Velocidade de voo
No caso de imagens aéreas realizadas com drones, a velocidade de movimento da câmera deve ser escolhida em relação à constante de tempo do detector IR da câmera para evitar efeitos de borrão.
É recomendado que a velocidade do voo seja controlada para não exceder 3 m/s, a fim de evitar o "borrão" nas imagens, que pode afetar a precisão das medições de temperatura e a identificação de padrões térmicos.

Além dos critérios de resolução, IFOV e altura de voo, a norma também trata de diversos outros aspectos técnicos essenciais para garantir a confiabilidade dos ensaios termográficos. Entre eles estão:
condições ambientais;
padrões de anomalias;
ajuste da emissividade da câmera;
ângulo de visão adequado;
qualificação do pessoal;
exigências mínimas para documentação e registro dos resultados.
Para conhecer todos esses requisitos em detalhe, o ideal é consultar a norma completa — ou se inscrever no nosso Curso de Comissionamento de Usinas Solares, onde explicamos passo a passo não só o ensaio de termografia, mas todos os demais ensaios exigidos para Categorias I e II.
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